terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Mudança Forçada

Por motivos alheios á minha vontade vou passar para aqui http://malaaviada.wordpress.com/

Economês

Adoro economês. basta baralhar palavras, juntar água e pôr o ar de enfado sério de quem já fez os prognósticos todos só que, por cortesia, guarda o seu anúncio para depois do jogo.
Um exemplo feito em três segundos:
«Urge tomar medidas que ajudem a reenquadrar estrategicamente as grandes linhas mestras da nossa economia, porque Portugal precisa de tomar consciência da necessidade de incrementar a produtividade a fim de proceder à desparagmatização da cebola...»


Rui Zink no FB

domingo, 9 de dezembro de 2012

Escola Pública & Interesses Privados

“O Executivo de Passos Coelho anda a navegar à bolina. Se há coisas (…) que aceito (…), outras causam-me repulsa. Uma delas é o fim da escola pública. Era o que faltava ser obrigada a pagar, através dos meus impostos, escolas privadas ou religiosas. Toda a gente sabe que, ao subsidiar alternativas, o Estado degrada o que é seu. Ora, eu não quero ter no meu país uma escola apenas frequentada por quem dela não pode fugir, uma solução que belisca o regime democrático. No dia em que isto acontecer, arranjo uma conta num off-shore.”

Maria Filomena Mónica no Expresso

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Ventríloquo

Já toda a gente percebeu que Gaspar mentiu ao Parlamento quando afirmou que Portugal beneficiaria de condições iguais às decididas na semana passada para a Grécia. Não é crível que Gaspar ignorasse o que Schäuble pensa sobre o assunto. Não obstante, no discurso da votação final global do OE 2013, disse taxativamente que Portugal e a Irlanda, “países de programa”, iriam beneficiar das novas condições. Já toda a gente percebeu e disse dele o que Mafoma não disse do toucinho. Ontem, na Quadratura do Círculo, Pacheco Pereira chamou-lhe aldrabrão, Lobo Xavier fez uma analogia pertinente com “garotas de programa”, e Honório Novo, que estava no lugar habitualmente ocupado por António Costa, disse que Gaspar não passa de um ventríloquo de Schäuble. Marques Mendes também disse ontem que Gaspar anda a tratar os portugueses como atrasados mentais. E até o tremendista José Gomes Ferreira alinha pelo mesmo diapasão. Gaspar erra nas contas e engana os portugueses. A todas estas, o Presidente da República aproveitou uma passagem pelo Casino Estoril para dar um remoque ao governo. É isto o regular funcionamento das instituições?

Eduardo Pitta no blogue Da Literatura

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O Que Será, Que Será...

A RTP é para privatizar por inteiro. É para privatizar só um dos canais. É para privatizar com todas as antenas de televisão e rádio, mas só 49% do capital e com uma renda fixa de 140 milhões de euros paga pelos contribuintes. É para privatizar até ao final do ano. É para privatizar até ao fim do próximo ano. É para vender aos angolanos. É para entregar a uma TV brasileira. É para um fundo do Panamá. É para a Cofina. É para vender só a concessão. É para juntar à Lusa. É para ficar pública mas sem publicidade. É para ter 12 minutos de publicidade. É para ter seis minutos de publicidade. É para oferecer a RTP Internacional. É para fechar a RTP Memória.
E a Caixa? Simples: é para privatizar por inteiro. É para privatizar só uma fatia minoritária. É para negociar com capital chinês. É para vender o negócio que tem em Espanha. É para vender o banco emissor de moeda que tem em Macau. É para vender tudo o que ainda tem em todas as empresas que ainda tem. É para sair a correr de Moçambique e Cabo Verde e também Angola. É para se transformar num banco de investimento, num banco de fomento, numa coisa qualquer. Numa agência? Não: é para fechar agências.
E a refundação do Estado social? Não é refundação, é reforma. Não é reforma, é corte, é redução de quatro mil milhões de euros. Não são quatro mil milhões: são 4,4 mil milhões. Não é uma decisão, é uma meta. Não é uma meta, é um debate para fazer em três meses. Pronto: em seis meses. Não é para aplicar em 2013. Talvez seja para aplicar no segundo semestre de 2013. É preciso mudar a Constituição. É preciso fintar a Constituição. É preciso cortar na saúde, na educação e nas funções de soberania. Não, a educação é que é para ser paga, claro, além do que já é pago pelos impostos. É isso? Não é nada disso. Chico Buarque explica: o que não tem governo nem nunca terá; o que não tem vergonha nem nunca terá; o que não tem juízo... lá lá lá lá lá...
E a renegociação da dívida grega? Simples, será estendida a Portugal. O princípio da igualdade de tratamento ficou decidido em junho pelo Conselho Europeu. Sim? Sim, sim, diz Gaspar devagarinho. Não, não, diz Gaspar com muita pressa. Quer dizer, a seu tempo, emenda Gaspar. Não será nada disso, impõe-se Schäuble. E o número dois do Governo como reage? O número dois? Quem é o número dois do Governo? É Gaspar? É Relvas? Certo. Errado. O número dois é Gaspar, mas também é António Borges, o ministro não ministro, conselheiro, comparsa. Tudo claro: não há ziguezagues. As curvas deste Governo são retas para os negócios. Será o que será. O que não tem conserto nunca terá.

André Macedo, no Diário de Notícias