sábado, 6 de fevereiro de 2010

Nervosos



Os mercados ficaram enervados com a perspectiva de uma vaga de protestos sindicais contra as medidas de austeridade em Espanha, Portugal e Grécia.”
Financial Times
Os “mercados”, e sobretudo muitos dos que escrevem sobre os ditos, coitados, enervam-se com sindicatos, partidos de esquerda e toda a tralha da democracia: uma fonte de perturbação, rigidez e fricção. A expressão rigidez, aplicada às relações laborais, por exemplo, é todo um manual de intoxicação ideológica, que muito contribui para esta crise.
A utopia dos “mercados”, na ausência de contrapoderes fortes, tende a trabalhar para a limitação e erosão da democracia. Por isso, a minha única esperança é que tenham muito, mas mesmo muito, com que se enervar. Ontem parece que houve uma manifestação concorrida em Lisboa. O desafio, como o Nuno Teles argumenta, é enervar à escala europeia. Enervar para reformar.
Por outro lado, sabemos, pelos estudos na área dos determinantes sociais da saúde, que certas formas de instituir os mercados com vista à sua expansão, e a injustiça social que assim é gerada, fazem mesmo mal aos nervos, à saúde, das pessoas propriamente ditas




João Rodrigues no Arrastão

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