terça-feira, 22 de março de 2011

A Chegada dos Dias Grandes

Da luva lentamente aliviada
a minha mão procura a primavera
Nas pétalas não poisa já geada
e o dia é já maior do que ontem era

Não temo mesmo aquilo que temera
se antes viesse: chuva ou trovoada
É este o deus que o meu peito venera
Sinto-me ser, eu que não era nada

A primavera é o meu país
saio à rua sento-me no chão
e abro os braços e deito raiz

e dá flores até a minha mão
Sei que foi isto que sem querer quis
e reconheço a minha condição

Ruy Belo

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