sexta-feira, 5 de março de 2010

Pressões, Balsemões e Outros Figurões


Primeiro cito as declarações de Pinto Balsemão à Comissão de Ética, no passado dia 3 de Março.
“Talvez por ser jornalista, a minha atitude foi diferente quando fui primeiro-ministro. E lembro-me de, nessa altura, o meu jornal, o Expresso, me atacar, e de me atacar de uma forma algo freudiana”.
Agora passo a contar esta minha pequena minha história.
Aconteceu certa noite, entre 1981 e 1983. Não me recordo exactamente em que dia, em que ano, nem a que propósito tocou o telefone nessa noite. Mas tocou. E fui eu quem o atendeu.
- Está lá? Boa noite...
- Boa noite! Estou a ligar para casa do Manuel Beça Múrias?
- Sim, quem fala?
- Francisco Pinto Balsemão...
Com o coração a bater forte, respondi:
- Vou já chamar o meu pai...
E lá fui a correr até à sala da televisão chamá-lo.
Quando lhe disse quem era ao telefone, o meu pai não me pareceu nervoso. O semanário O Jornal, em 1981 era um jornal de referência e principal concorrente do Expresso. O meu pai era uma das suas figuras mais destacadas. E Pinto Balsemão ao telefone, mesmo sendo primeiro-ministro, não era nada de chocante para aquele tempo.
Fiquei na sala. Largos minutos depois o meu pai voltou.
Voltou a sentar-se à frente da TV, e disse-me antes que eu desatasse a fazer pergunta
- O Expresso anda a dar-lhe porrada...
Nem meia hora depois adormeceu, como sempre adormecia, a meio de um filme...~
Pedro Beça Múria no Albergue Espanhol

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