José Pacheco Pereira, o "meio" é/e a mensagem
"...Eu li o livro de Carolina Salgado com interesse, não pela absoluta veracidade do que lá vem, que cabe às polícias julgar, não pelos motivos dúbios da autora, não pela mão que possa haver de outrem na sua execução, mas sim pelo que ele comporta de descrição perfeita, psicológica, antropológica e sociológica de um "meio" que muitos conhecem mas preferem ignorar, ou por complacência, ou por cumplicidade, ou apenas por medo, puro e simples medo.
...O que eu digo e repito é que há um "meio" muito pouco saudavél no Porto, que se tem vindo a criar nos últimos 20 anos, que goza de razoáveis cumplicidades e complacências, policiais e políticas, no PS e no PSD, onde tudo acontece e parece que nada acontece, e que, quando se diz aquilo que é uma evidência, cai o Carmo ea Trindade.
....Apenas digo que o "meio" é comum e comunicante e que as sementes de violência, as protecções e cumplicidades, os serviços e os "servicinhos" não são estanques. A "noite do Porto" tem o seu dia . E digo mais : para atacar uma coisa tem de se atacar a outra e é preciso livrar o Porto dessa doença que lavra no seu seio. Só não vê quem não quer ver ou quem, vendo, tem medo de ver.
....De poucas coisas gosto mais do que o Porto, a minha terra...E é exactamente por isso que a doença que grassa já há uns anos na minha terra me preocupa e não me cala. Não foi "Lisboa" que a inventou, foram portuenses que a fizeram e que a mantêm com todos os maus argumentos e com a única lógica que conhecem, a do poder e a do dinheiro, com a mesma dimensão do Bada Bing. Tenho a veleidade de considerar que , falando desta doença e destes "meios" sirvo melhor a minha terra, o Porto."
São José Almeida e os polícias de nós mesmos
"....os erros de justiça e os erros da administração em geral em Portugal são mato, tanto que o Presidente da República assumiu estar contra as novas regras da responsabilidade civil do Estado, pela paralisia que pode provocar nos serviços e pelo que vai custar ao Estado. Mas talvez fosse mais útil à democracia cometerem-se menos erros e cuidar-se melhor da forma como se tratam os cidadãos do que poupar em pessoal, que depois age sob pressão ou é negligente por desespero.
Seria bom que o serviço público - incluindo o dever do Estado de assegurar a segurança- fosse olhado com rigor e tendo com regra o interesse do cidadão. Em vez de se cavalgar na defesa do Estado policial e vigiado, em que a liberdade individual deixa de existir, até para ir á loja da esquina comprar fiambre. Já que, em cada esquina, em cada beco, em cada rua estará uma câmara que devassará a nossa vida e nos tornará a todos suspeitos. Queremos mesmo ser todos polícias de nós mesmos?"
( do Público do passado fim de semana )
Sem comentários:
Enviar um comentário