sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Ruy Belo, Homem de Palavra(s)


Um dia não muito longe

Não muito perto



Às vezes sabes sinto-me farto

por tudo isto ser sempre assim

Um dia não muito longe não muito perto

um dia muito normal um dia quotidiano

um dia não é que eu pareça lá muito hirto

entrarás no quarto e chamarás por mim

e digo-te já que tenho pena de não responder

de não sair do meu ar vagamente absorto

farei um esforço parece mas nada a fazer

hás-de dizer que pareço morto

que disparate dizias tu que houve um surto

não sabes de quê não muito perto

e eu sem nada pra te dizer

um pouco farto não muito hirto e vagamente absorto

não muito perto desse tal surto

queres tu ver hei-de estar morto?


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