sábado, 8 de dezembro de 2007

Carlos de Oliveira, Sobre o lado Esquerdo

Edward Hooper


Posto de Gasolina


Poiso a mão vagarosa no capot dos carros como se afagasse a crina dum cavalo.

Vêm mortos de sede. Julgo que se perderam no deserto e o seu destino é apenas terem pressa.

Neste emprego, ouço o ruído da engrenagem, o suave movimento do mundo a acelerar-se pouco a pouco. Quem sou eu, no entanto, que balança tenho para pesar sem erro a minha vida e os sonhos de quem passa?

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bonito, que poético, nunca imaginei que uma bomba de gasolina pudesse ser tão lírica.