Ferreira Fernandes, Crise não afecta a falta de chá, hoje no Diário de Notícias:
«Estava José Sócrates numa situação pública quando uma jornalista se aproximou: “Posso?”, disse ela. Respondeu Sócrates: “Claro, eu não mordo.” E ela: “Não morde, mas rosna. E às vezes rosna muito.”A história foi contada, no domingo, pelo jornal Público. Temos, assim, que uma jornalista, no exercício das suas funções, disse a alguém sobre quem escrevia: “Você rosna.” Tenho a dizer o seguinte: está tudo maluco. Ao almirante Pinheiro de Azevedo irritava-o ser sequestrado; a mim é mais conversas parvas. Engalinham-me. Eu sei que é remar contra a maré mas, pronto, não gosto. Sócrates, a alguém que pediu para se aproximar, respondeu: “Claro, eu não mordo.” E podia responder. A frase é coloquial e, até, amigável. A isso a jornalista respondeu: “Não morde, mas rosna. E às vezes rosna muito.” E, não, não podia responder. Nenhuma jornalista (como jornalista, isto é, a trabalhar) pode falar assim a um primeiro-ministro. E como o hábito de desconversar já está arreigado, explicito o que digo: nenhum notário (enquanto notário) pode falar assim a um mecânico. Perceberam?»
Citação de Eduardo Pitta no Da Literatura
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