sexta-feira, 26 de junho de 2009

Politica Rasca


Cavaco Silva

Não me recordo de Cavaco Silva ter ficado incomodado quando era primeiro-ministro e entregou um canal de televisão ao número um do seu partido e seu antecessor no cargo e outro à Igreja. Com o controlo que exercia na RTP1, onde estava precisamente José Eduardo Moniz, Cavaco passou a contar com a militância noticiosa de todos os canais de televisão, isso sim, era a preocupação de Cavaco Silva com as regras da democracia.
Também não me recordo de ter ouvido Cavaco imiscuir-se em negócios privados, nem mesmo quando o BPA foi privatizado de forma muito estranha, para não referir milhentos negócios duvidosos a começar pelo BPN dos seus velhos amigos.
Também não ouvi Cavaco manifestar qualquer preocupação com o jornalismo praticado pela TVI apesar da condenação generalizada e das violações primárias aos mais elementares valores e princípios do jornalismo.
Mas bastou Manuela Ferreira Leite espirrar num dia para que no dia seguinte Cavaco Silva aparecesse cheio de tosse, nem se deu ao trabalho de dissimular a fonte do contágio. Se alguém tinha dúvidas de que Cavaco Silva abandonou a camisola de Presidente para vestir a de um qualquer J do PSD pode deixar de as ter. Há muito que Belém era uma fonte de crise política, agora evoluiu de forma clara para o envolvimento no processo político.
Mas pode ser que Cavaco Silva tenha azar e os portugueses não lhe satisfaçam o desejo de acumular o cargo de Presidente com o de primeiro-ministro, algo que sempre ambicionou. E se isso suceder Cavaco corre um sério risco de voltar a Boliqueime mais depressa do que espera.
Resta-me fazer uma sugestão a Cavaco Silva: que vá perguntar ao Moniz se este não estará interessado em ser despedido e receber três milhões de euros. Eu diria mesmo que o director da TVI tem feito tudo para isso. Aliás, é ridículo vir com estas intervenções quando há apenas uma semana Moniz pôs a hipótese de deixar a TVI e ir para o Benfica. Terá sido Sócrates a pressionar a candidatura?
É muito grave que um Presidente da República use uma empresa privada para lançar suspeitas em público sobre o primeiro-ministro. É o bater no fundo de Cavaco Silva enquanto Presidente da República.


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