segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Moniz,Guedes, Going On?


Que se passa ao certo com o Moniz? Cansado de inutilmente tentar perceber lendo os jornais, perguntei a um amigo que está mesmo por dentro do assunto.Fiquei a saber em dois minutos o essencial, ou seja que o Director-Geral demissionário da TVI saíu para a Ongoing, uma empresa que, com elevada probabilidade, comprará a TVI nos próximos meses.Resumindo: trocou de patrão para manter intacto o poder de que actualmente disfruta, e ainda recebeu uma respeitável indemnização pela maçada. Não há nada como a clareza para desfazer as explicações conspirativas e revelar, se ainda fosse preciso, o sentido ético do personagem.O que eu pretendo, porém, é chamar a atenção para a inquietação que por estes dias faz estremecer tantos corações sensíveis. Refiro-me ao receio de que, com a saída de Moniz, a TVI possa vir a ser descaracterizada. Tanto cuidado poderia levar algum estrangeiro de passagem pelo extremo ocidental da Europa a julgar que a TVI é uma espécie de BBC, emblema da alta cultura pátria e baluarte da civilização europeia.Não é bem isso, explicam alguns. Mas não se pode negar que o sucesso de audiências do canal ameaçado deve muito à orientação esclarecida de José Eduardo Moniz ao longo de anos. E é a esposa do próprio a destacar - cito o Expresso de hoje - que "seria estranho que um jornal líder de audiências [o seu] de uma televisão comercial fosse retirado do ar".Estes argumentos são expectáveis na boca de quem é suposto preocupar-se apenas com as receitas publicitárias dos canais, mas soam muito estranhos saídos da boca de jornalistas, alguns dos quais eu tinha por gente séria e responsável.É nestas alturas que se descobre que a ordinarice tem muitos adeptos, e que a deontologia e a ética profissionais não contam de facto para nada nas cabeças de muita gente, excepto como ocasional adorno argumentativo. Se tem audiências, é porque está certo, percebem?

João Pinto e Castro no Blogoexisto

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