segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O Que Sei Sobre As Mulheres

Sabes, Ana, não quero saber nada sobre as mulheres. Nunca acreditei em generalizações...
As mulheres não são as mulheres. As mulheres são a mulher...
Porque isto de conhecer a sério as mulheres (olha eu a cair no erro) só mesmo quando chegamos bem perto. Ao longe o nevoeiro tolhe a visão.
Mas antes deixa-me falar-te da que conheço melhor. Chama-se Ana, Ana…
Que sei eu dela que mereça ser dito e possa ser extrapolado. Ela é a Ana, Ana.
E isso faz dele um ser único, aquele que me apetece amar, amar, amar…
Amo-a porque se zanga. Amo-a porque se acalma. Pediu-me na estação de serviço batatas fritas. Procurei as melhores para a agradar. Como a sei tradicionalista em muitas coisas comprei umas que se diziam “originais”. Infelizmente eram onduladas.
Chateou-se comigo como devia, claro. Eu não me lembrava que ela só come das lisas. E sabes porquê? Porque não me tinha disso dado conta. Porque não o sabia, no fundo. Saí então do carro, caminhei pela segunda vez por entre os dois graus centígrados e troquei-as. Sabendo que nada mais sei que não seja somar batatas fritas lisas à vida da mulher que amo e que me deixa ser dela.

Excerto de uma carta de Jorge Reis-Sá em resposta ao inquérito de Ana Sousa Dias, na Pública

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