Cavaco Silva é o espelho da nossa alma: baço, aplicado mas sem rasgos, calando-se perante poderes mais fortes, um clone enfraquecido ou uma memória distante do português provinciano e poupadinho que tomou conta dos destinos do país durante quarenta anos, o Salazar do descontentamento da pátria e da alegria triste de muitos dos mais fervorosos adeptos desta pálida cópia. O silêncio de Cavaco, tantas vezes elogiado pelos seus apaniguados, não oculta uma qualquer sabedoria salvífica - nem os poderes do presidente lhe permitiriam isso, ao contrário do que ele nos quer fazer crer; o silêncio de Cavaco é uma máscara que cobre o vazio de ideias de quem nada tem de original para dizer. E basta um qualquer Defensor Moura (e escrevo isto com todo o respeito) para o expor. Mas sim, ele lidera as sondagens. E a única maneira de evitar uma maioria de direita, uma hidra bicéfala Passos Coelho/Cavaco, é não votar nele. Nós não o merecemos; muito mais, merecemos muito mais.
Sérgio Lavos no Arrastão
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