"…Nada contra que a sociedade se organize para combater a fome – ainda que distribuir restos de restaurantes e apresentar a iniciativa num casino tenha uma carga simbólica negativa -, mas não deixa de ser surpreendente que o consenso público em torno do assistencialismo alimentar coex...ista com uma incapacidade de consensualizar politicas redistributivas que aliviem a privação e políticas educativas que contrariem as assimetrias de origem social. Dá que pensar quando o Presidente da República oferece o seu patrocínio à distribuição de sobras de restaurantes e, ao mesmo tempo, o país discute o aumento do salário mínimo para 500 euros, tolera ataques demagógicos aos “malandros do rendimento mínimo” ou confunde massificação da escola pública com facilitismo. No fundo, permanecemos no exato lugar em que estávamos quando Ruy Belo escreveu:”é tão suave ter bons sentimentos/ consola tanto a alma de quem os tem/ que as boas ações são inesquecíveis momentos/ e é um prazer fazer bem”.
Pedro Adão e Silva no Expresso
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