sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Blasfémias arrastadas abruptamente pelo Portugal dos pequeninos


noah kalina

...Abominávamos as autoridades escolares, que nem sequer investiam o dinheiro de que dispunham em tornar os pátios das escolas mais agradáveis e alegres e preferiam gastá-lo em esculturas pretensiosas. Passámos muitos pequenos-almoços a censurar a fusão de municípos, o encerramento de escolas de provincia e o abate de árvores, que demonstravam muito claramente que toda aquela região era tratada como um reservatório de matérias-primas, uma espécie de despensa onde era só ir buscar as coisas e mais nada.


Quero dizer: tudo isto eram realidades, eram coisas que tinham verdadeiramente significado para nós, num plano muito prático e palpável.Talvez houvesse um réstia de snobismo, um certo sentimento de superioridade, de entender melhor do que os outros o que tudo aquilo na realidade significava.


Mas era também outra coisa: era como que a nossa coesão interna.Saber mais do que os outros é um bom elo de ligação.


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LIBERTA, SENHOR, A HUMANIDADE SOFREDORA


MAS LIBERTA-ME PRIMEIRO A MIM, QUE SOU QUEM MAIS SOFRE


Basta andar alguns quilómetros na automotora para descobrir isso. Se não puderem queixar-se de mais nada, queixam-se das sua estúpidas doenças, das dores nos joelhos, das pedras na vesícula, das úlceras, das veias inflamadas, dos soluços e das azias, das diarreias e das caganitas empedernidas que até fazem barulho ao bater no fundo do penico


e imaginam, enquanto falam de tudo isto, que alguém lhes dá impotância só por se queixarem.


IDIOTAS DE MERDA




"A Morte de um Apicultor" Lars Gustafsson ( 1978 )

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