domingo, 14 de outubro de 2007

Para acabar de vez com o Congresso ( I I )

Se

Se é possível conservar a juventude
Respirando abraçado a um marco de correio;
Se a dentadura postiça se voltou contra a pobre senhora e a mordeu
Deixando-a em estado grave;
Se ao descer do avião a Duquesa do Quente
Pôs marfim a sorrir;
Se Baú-Cheio tem acções na minas de esterco;
Se na América um jovem de cem anos
Veio de longe ver o Presidente
A cavalo na mãe;
Se um bode recebe o próprio peso em aspirina
E a oferece aos hospitais do seu país;
Se o engenheiro sempre não era engenheiro
E a rapariga ficou com uma engenhoca nos braços;
Se reentrante, protuberante, perturbante,
Lola domina ainda os portugueses;
Se o Jorge ( o "ponto" do Jorge!) tentou beber naquela noite
O presunto de Chaves por uma palhinha
E o Eduardo não lhe ficou atrás
Ao saír com a lagosta pela trela;
Se "ninguém mem ama porque tenho mau hálito
E reviro os olhos como uma parva";
Se Mimi Travessuras já não vem a Lisboa
Cantar com o Alberto...
...Acaso o nosso destino, tac!, vai mudar?
Alexandre O'Neill No reino da Dinamarca ( 1958 )

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