segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Mendigo com lugar cativo


Com o tapa-misérias a escorre-lhe dos ombros,

o morse da bengala a percutir o chão,

remorseando vai os passarões que somos.


A dedo, a medo, a desfazer o gesto,

na ranhura da caixa a moeda metemos.


Metida a moeda, o espantalho fala

do céu que, merecemos.


Que pragas calará quando não damos?



Alexandre O'Neill "As horas já de números vestidas" ( 1981 )

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