sexta-feira, 2 de maio de 2008

Don Carlos, Infante de Espanha


"...E por mais triste que ela seja, a peça, de facto, assenta-nos bem. Muitas vezes temos dito que a nossa função é ainda políticae que o espaço político que nos resta é o do confronto da céptica e cínica maneira de viver deste princípio do século XXI com a generoidade de outros tempos, com outras maneiras de inventar o Homem que pomos em cena. E Schiller é disso que fala: a invenção de uma nova humanidade. A sua Espanha negra é a metáfora de uma sociedade onde a liberdade não existe, onde é proibida aos homens a sua humanidade. Não é como em Beaumarchais, pelo exercício da própria alegria que Schiller a desenha.È com um quadro "histórico" exemplar ou metafórico, em que são sacrificadas algumas figuras virtuosas que por ela lutam. Mas com este espectáculo, com o Don Carlos que Frederico Lourenço "recriou" para nós, o que fazemos, mais uma vez, é propor ao público um confronto com valores humanos que esqueceu. E com a luta continua mas parece mais longa do que a vida de cada um, porque a História tem avanços e recuos, alguma melancolia se instalou."


Luis Miguel Cintra no programa da peça de Schiller

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