" O general Garcia Leandro publicou aqui no Expresso, no sábado passado, uma espécie de protopronunciamento militar deveras interessante. Em substância, o general diz que o país está minado pela corrupção e pelo mau governo dos políticos e que só não avança para encabeçar um "movimento de indignação", conforme muito solicitado, porque vivemos hoje na União Europeia- onde estas aventuras "venezuelanas" deixaram há muito de ter viabilidade. Mas essa não é, em boa verdade, a única razão que trava o general nas suas generosas intenções, se é que ele não o sabe:a outra razão é porque o país acolheria hoje com uma garagalhada devastadora qualquer ridícual tentativa de pronunciamento militar.
... A corrupção é, de facto, um problema- aqui e em muitos outros lugares.Infelizmente, como o general deve saber, entre nós nem os militares lhe escapam.Temos um alto oficial da Armada, durante anos responsável técnico pelas compras do material de guerra do ramo, preso por suspeita de corrupção. E, da compra dos aviões A-7 até à dos submarinos, não há razão alguma para acreditar que, se corrupção houve, os miltares envolvidos nos negócios não molharam também a mão na massa. No que toca a gastos públicos injustificados, os militares têm muitas contas a prestar ao país... O facto de ser general não o torna mais qualificado do que qualquer outro nos seus julgamentos nem lhe dá o direito a querer encabeçar um "movimento de indignação", seja isso o que for."
Miguel de Sousa Tavares em "O General no Nossso Labirinto" Expresso
Nota: Reparei que alguns blogues de direita rejubilaram com o texto do general. Evoluídos, pois então!
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