Pense-se o que se pensar sobre a utilização mais frequente das “caixas de comentários” dos blogues, eles são curiosos e reveladores, em termos de sociologia cultural, sobre o estado do recalque político entre os incontinentes do insulto. Mas têm de ser considerados na sua escala e com o devido desconto porque, felizmente, não se podem extrapolar para todo o estado cívico da Nação. O recurso fácil ao anonimato (tout court ou pela multiplicação de pseudónimos) e a excitação do teclar fácil, rápido e fulminante, incrementam o funcionamento dos neurónios mais para os lados do ódio, do insulto, do preconceito, do estereótipo e da prosápia, enfim da preguiça e da degradação intelectual, que para o exercício do humor, do debate e do prazer do contraditório pela aferição com risco do fundamento das certezas de cada um. Mas sempre foi assim, disparar e ofender foi sempre mais fácil que rebater com argumentos, respeitando o adversário político. E o que a blogosfera acrescentou à ancestral atracção pela facilidade no panorama de uma culturalização recente e lenta foi a rapidez e a impunidade. Portanto, não é um drama, é uma evidência. Ou, se preferirem, uma “evolução tecnológica” no pior da nossa idiossincrasia, mas que é parte dela, sem dúvida.
João Tunes no Vias de Facto (excerto)
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1 comentário:
É assim uma espécie de marquesa de psiquiatra.
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