Um presidente de um país dizer que "chegámos a uma situação insustentável" não é só uma frase forte. E, pelo cargo, muito menos se pode considerar impensada ou impulsiva ou juvenil ou irresponsável. Ou é um apelo a um golpe de estado, numa escala que vai do palaciano-constitucional ao do tilintar das espadas, sejam estas pretorianas ou de sovietes ansiosos, ou então expressão da vontade cansada de entregar as chaves desta freguesia ibérica a um questor de Madrid ou Bruxelas. Mas, para sermos menos dramáticos, sem severidade demasiada perante a letra da oratória presidencial, digamos que Cavaco Silva aproveitou este 10 de Junho para confirmar que desistiu, por reconhecimento de incompetência própria, de ser parte da solução do país para passar a ser um dos nervos dos seus problemas. Usando a terminologia que é cara a Cavaco, este passou a integrar os défices da “nossa raça”.
João Tunes no Vias de Facto
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