terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Praça da Traição?


Alegre não é mais do que a boa consciência da esquerda que se orgulha de não ter cedido perante o pragmatismo inevitável do poder. O seu discurso é o de alguém que nunca governou nem, arrisco eu, saberia bem como o fazer se lhe fosse dada a oportunidade. Por isso, e contra a capitulação e os desvios direitistas do PS, Alegre enche o peito e pede coragem e vontade de mudar. Cheio de boas intenções, Alegre recorre a todos os chavões moralistas da esquerda tradicional. Há quem se deleite com isto e o veja como alguém que se manteve puro e que não traiu os mais elevados princípios e valores da esquerda. Ele é o virtuoso; o sonhador; o bom. Ele é a esquerda que não aprende, nem aprenderá, em todo o seu esplendor. Alegre é uma 'alma bela', que não se compromete com a acção política, sendo essencialmente negativa e acusatória. É do alto da sua inocência que ele recrimina quem traiu os seus elevados ideais. A vacuidade do discurso é total, e resume-se basicamente a umas quantas proclamações de um sentimentalismo bem intencionado mas irresponsável. Manuel Alegre pode querer ser muitas coisas, mas eu aposto que ele deve querer sobretudo manter-se inocente. A eficácia do seu 'discurso político' depende disso.

João Galamba no Jugular

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