domingo, 21 de dezembro de 2008

Um Tonto Balofo


Mais de um milhão de razões para ter vergonha
Votei Alegre nas presidenciais. Por um lado, jamais votaria Cavaco, nem que tal desse o título de campeão ao Sporting. Por outro lado, jamais votaria Soares, havendo ainda a forte motivação para o castigar, bastando ficar atrás de Alegre por 1 voto. O que eu não tinha era o mínimo interesse em Alegre, embora a sua mediocridade, ao tempo, lhe desse uma caução simpática em estrita correspondência com a sua irrelevância. Ter sido herói da luta contra Salazar e Caetano não impedia a constatação de ser agora um tonto balofo, mais um entre tantos.
Acontece que Alegre tem um passado, e ninguém se preocupa mais com ele do que ele próprio enquanto seu protagonista, realizador e projeccionista. O passado é sempre uma qualquer versão alternativa, nunca a definitiva. Ora, é evidente que Alegre está muito satisfeito com a versão que escolheu e publicita. Por isso, e por não ter qualquer ideia política que valesse a pena discutir entre a população, foi para as eleições presidenciais plebiscitar a sua biografia em versão oficial. O resultado obtido fez-lhe muito mal à caixa dos trocos, passou a acreditar que tinha 1 milhão de portugueses (Mais!) a validar a sua pessoa tal como ele a imagina. Essa infecção narcísica tem vindo a gangrenar, e pode levar a uma amputação. As duas últimas entrevistas, SIC e RTP, exibem uma pessoa gravemente fragilizada, sem as mínimas competências para a gestão de cargos de exigência política complexa, incapaz de pensar as questões nos planos teóricos e técnicos, vítima de distorções cognitivas e perversões emocionais. Neste quadro, o seu discurso resume-se ao anedotário do quotidiano (almoçou com este, falou com aquele, ouviu o outro, os apoios na rua, os que lhe pedem para fazer qualquer coisa) e à repetição maníaca de clichés escandalosamente grosseiros, inanes.
É esta pessoa – muito provavelmente até a precisar de ajuda psicológica – que o BE explora com um cinismo assustador. Ver Louçã a colar-se ao seu desvario egóico – em que Alegre fala do PS e da esquerda exactamente como o Toni fala do Benfica e de futebol – e a manipular as debilidades intelectuais do coitado, arrepia-me. Ouvir Rui Tavares a fazer contas a deputados num cenário de fractura do PS pela saída de Alegre – reduzindo a política ao calculismo acéfalo e desbragado – causa-me asco. E se, num milagre, estes dois ninjas vermelhuscos se arrependessem 1 milhão de vezes do mal que andam a tentar fazer à democracia e ao velhote, ainda não seria suficiente: teriam de se arrepender 1.125.077 vezes.

Valupi no Aspirina-B

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