Para lá da crise, sobre a qual repetiu os lugares-comuns da praxe, de que ninguém discorda e toda a gente aplaude,Cavaco, por uma vez, disse o essencial : "Portugal gasta em cada ano muito mais o que aquilo que produz". Por outras palavras, os portugueses vivem acima dos seus meios, com o que pedem emprestado lá fora. E, quando se fala aqui dos "portugueses" , de quem se falanão é de um grupo irresponsável de "especuladores", que a esquerda resolveu diabolizar, mas do Estado, das câmaras, das famílias. Não admira que a dívida externa esteja "em crescimento explosivo" e o crédito a chegar ao fim. pior ainda: como qualquer pródigo,Portugal delapidou uma grande parte do dinheiro que foi arranjando por aqui e por ali em consumo, corrupção e fantasias sem sombra de "racionalidade" económica.
Agira, tem de pagar a conta.
Infelizmente, não ocorreu ao dr.Cavaco que este problema não nasceu ontem.Desde o "25 de Abril", não huve governo, incluindo os dele, que não desse a sua simpática contribuição para a desgraça actual....
...Até que, no dia de Ano Novo, o dr. Cavaco apareceu, convertido às virtudes salvíficas da verdade, e pôs tudo metodicamente em pratos limpos. Muito bem.E depois? Vai com isso apagar o passado?Vai, o eng.Sócrates, comovido, fazer as reformas que não fez? Vai a "classe média" prescindir desta "ponte" e da próxima vaiagem ao Brasil ou do Verão no Algarve? Vai o cidadão comum prescindir dos mil e um direitos que o Estado lhe garantiu? Ou vai, de repente, a nossa "competitividade" aumentar e o primeiro-ministro examinar à lupa o "custo-beneficio" do mais pequeno investimento público?De maneira nenhuma. As pregações não mudam nada, nem ninguém.
Só a experiência muda e esta, que espera os portugueses, será ardente e com certeza que não será politicamente inócua. O dr.Cavaco que se prepare.
Agira, tem de pagar a conta.
Infelizmente, não ocorreu ao dr.Cavaco que este problema não nasceu ontem.Desde o "25 de Abril", não huve governo, incluindo os dele, que não desse a sua simpática contribuição para a desgraça actual....
...Até que, no dia de Ano Novo, o dr. Cavaco apareceu, convertido às virtudes salvíficas da verdade, e pôs tudo metodicamente em pratos limpos. Muito bem.E depois? Vai com isso apagar o passado?Vai, o eng.Sócrates, comovido, fazer as reformas que não fez? Vai a "classe média" prescindir desta "ponte" e da próxima vaiagem ao Brasil ou do Verão no Algarve? Vai o cidadão comum prescindir dos mil e um direitos que o Estado lhe garantiu? Ou vai, de repente, a nossa "competitividade" aumentar e o primeiro-ministro examinar à lupa o "custo-beneficio" do mais pequeno investimento público?De maneira nenhuma. As pregações não mudam nada, nem ninguém.
Só a experiência muda e esta, que espera os portugueses, será ardente e com certeza que não será politicamente inócua. O dr.Cavaco que se prepare.
Vasco Pulido Valente no Público
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