segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A Grande Crise da Fé


Simplificando muito, o capitalismo, na sua expressão pura e dura, era a única salvação, sobretudo depois da queda do muro de berlim. Agora, já não são, apenas, os anticapitalistas do costume a verem nele o caminho da perdição. Quem esperava ter o paraíso garantido para sempre, sentiu-se atirado para as trevas exteriores, onde só há choro e ranger de dentes, a molrte de toda a esperança.

Para quem acredita que fora do capitalismo não há salvação, a tarefa mais importante consiste em restituir a fé e a esperança nesse sistema para salvar aeconomia de mercado. A fórmula pronta a servir, diante do fracasso da sua auto-regulação, é a ética aplicada. Como a ética não é um produto natural- para não deixar tudo à arbitrariedade subjectiva-, são precisas leis que regulem a vida numa sociedade democrática. Como asa leis precisam de ser aplicadas, é necessária a supervisão para saber se estão a ser bem aplicadas ou não. Como numa sociedade laica não se confia a Deus a supervisão, é preciso fé nos seres humanos e no funcionamento das instituições. Como estes e estas são falíveis, e preciso o recurso à polícia, aos tribunais e às cadeias. Como a justiça não tem formas automáticas de funcionamento, também é preciso fé na justiça, fé no estado. Diz-se que , quando nada disto funcionar, ainda resta o desespero e a violência.


Frei Bento Domingues no Público (excerto)

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