sábado, 3 de janeiro de 2009

Na Cauda...da Europa


Uns casos recentes, comezinhos, mas que me trazem baralhado sobre o nosso atraso estrutural. A ordem cronológica é arbitrária e refere-se a um período de vigência dos dois ou três últimos governos portugueses.
1
Um amigo inglês cuja sogra portuguesa teve recentemente de ser operada num hospital público português, confidencia-me:
- Realmente, em Portugal, os serviços de saúde funcionam de forma fantástica.
- O Quê??? corto abrutamente, quase indignado, Estás a brincar comigo? Impossível, toda a gente sabe que em Portugal temos dos piores serviços públicos de saúde do planeta! E então vocês, em Inglaterra, meu Deus, aquilo sim é que é o National Health Service a valer.
- Não penses nisso, respondeu-me, neste momento Portugal não tem nada a perder no confronto.
2
Um familiar de um amigo americano teve um problema de saúde em Portugal. Amigos comuns encaminharam-na para um Centro de Saúde onde tudo se resolveu a custo praticamente de zero.
Passados uns tempos alguém da família da senhora enviou uma carta a esses amigos agradecendo a ajuda inestimável prestada e oferecendo-se para pagar as despesas por certo altíssimas devidas pela assistência naquela clínica privada tão moderna e bem equipada.
3
Um amigo grego teve um problema de saúde grave. Foi operado na Grécia por um dos melhores cirurgiões de Atenas e aí medicado. Passou a ter de tomar diariamente uns comprimidos para contrariar alguns efeitos colaterais da operação.
Passados uns meses, em Portugal, submeteu-se por acaso a um exame de rotina num posto ambulante do Serviço Nacional de Saúde.
O médico que o examinou disse-lhe: o senhor tem de ir de urgência para o hospital porque está em risco de vida imediato.
No hospital, depois de vários exames, descobriu-se a causa. O caríssimo medicamento comprado numa farmácia de Atenas que ele tomava desde há meses era uma falsificação que, naturalmente, se efeito fazia não era o pretendido.
Com o cirurgião ateniense incomunicável, o meu amigo comprou a versão portuguesa do medicamento, tal como prescrito pelo médico português. A situação estabilizou.
4
Numa apresentação de acções de combate contra incêndio, uma amiga suíça toma notas afincadamente sobre a estrutura operacional.
- Para quê tomar tantas notas, disse eu desdenhoso, isto não serve para nada, toda a gente sabe que o combate aos incêndios em Portugal é uma palhaçada, olha para as estatísticas de área ardida nos últimos anos. Vamos mas é tomar uma bica.
- Não pode ser, respondeu-me ela, na Suíça disseram-me para prestar muita atenção a estas questões porque os portugueses são considerados dos melhores especialistas no combate a incêndios.

No Bidão Vil

1 comentário:

Kruzes Kanhoto disse...

Há coisas em que somos bons. Mal de nós se assim não fosse!